quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Um dia ela acorda....Pra vida

Estou numa fase bem de ficar lembrando coisas boas pra poder não me estressar e nem ficar somatizando chatices e conseqüentemente ficar doente por isso resolvi relatar alguns fatos engraçadíssimos que já presenciei. Eu tenho uma amiga acima dos 60 anos que jura que é uma quarentona e mesmo assim com muito cuidado, tanto cuidado que respondeu o ano de seu nascimento fazendo 4 e 3 com os dedos e a mão sobre a mesa pra que ninguém visse, claro que eu vi, achei engraçado e ainda comentei, nossa Sú você é 3 anos mais velha que o Carlos ( risos ) ela quase teve um piripaque na minha frente e no dia que eu brincando a chamei de tia? Foi hilário ( risos ) Má tia não no máximo prima Má, uma mulher formada, estudou nos melhores colégios, aprendeu a tocar piano, viajada e rica, só fumava cigarros com piteiras e longa e usava cílios postiços e tudo e jamais saia rua sem se produzir, uma perua mesmo. Mas como sou desprendido de idade e dessas babaquices de vaidade acho tão bobo ficar escondendo a idade e dando uma de mocinha e até às vezes fazendo papel de ridículo pra chamar a atenção, chega a ser feio, mas voltando ao assunto:
A Sú é uma mulher que nasceu em berço esplendido com tudo a que tinha direito, tudo mesmo, acho que nunca lavou uma peça intima, nunca pegou no cabo de uma vassoura e nem tão pouco as suas mãos sentiram a poeira de uma flanela usada ( risos ) só andava de carro com chofer e ar condicionado pra não sentir calor, nunca acordava antes das 15 horas, alias não sabia nem o que era dar um duro pra ganhar o pão nosso de cada dia. Aí um belo dia seu pai veio a falecer e ela resolveu sair de seu apartamento de frente pra praia de Pitangueiras – Guarujá/SP e foi morar em uma cidade do interior, região de Sorocaba, em uma fazenda que posso dizer era tudo de bom, vários quartos, todas as mordomias e um mundo de regalias, afinal tinha a grana da herança pra usufruir. E a parte mais engraçada das coisas era que ela não se permitia a pegar o próprio copo de água pra tomar e nem tão pouco o cafezinho e adorava contratar empregados, esses serviçais mesmo, desses que fazem tudo e até moram na casa da patroa, pois já viu né, vai ser ocupado direto e folgas semanais e em dias diferenciados para não ficar em total abandono ( risos ) tinha empregada pra cozinhar, pra limpar a casa, tinha administrador da fazenda, chofer e até uma aia pra sua mãe que já tinha mais de 80 anos.
Bom, um belo dia a cozinheira da casa se cansou de tanta frescura e se demitiu, e ela teve de arrumar outra em caráter de urgência afinal ia ter uma recepção em sua casa e onde já se viu uma madame sem cozinheira? E como no interior se arruma muito emprego por indicação de algum funcionário, arrumaram uma dita cuja para ser cozinheira da Su, uma mulher de meia idade, casada e com filho e tudo mais, e como o seu marido também estava desempregado, ela convenceu a Su a contratá-lo pra cuidar dos cães já que a minha amiga também gostava muito de cachorros, pronto ai foi que a coisa desandou ( risos ) Minha amiga não admitia que os funcionários ficassem circulando pela casa a toa e que cumprissem os seus deveres, pois a mesma quando acordava lá pelas 15 horas no mínimo, já vinha na intenção de olhar todos os detalhes para ver se estava tudo de acordo a seu gosto. Pra vocês terem uma idéia ela acordava às 15 horas e só saia de seu quarto após as 17 horas, pois através de sua campainha com controle remoto e tudo, tocava incansável mente pra pedir, água filtrada e refiltrada, cafés e até o maço de cigarros que estava bem dizer ao alcance dos seus olhos, mas que ela não poderia pega-lo. E como ela era a vaidade em pessoa e cheia de não me toques, tinha cabeleireiros pra atendê-la em sua casa, manicures e pra todos, ela tinha apenas uns quarenta e poucos anos e a vaidade chegava a tanto que chegava a diminuir a idade da própria mãe pra não dizer que já tinha passado dos 60 anos, um belo dia conversando com uma turma que eu conheci em uma das várias vezes em que fui a aquela fazenda e cidade, me contaram que o apelido dela era sessentona semi-virgem, eu quase morri de rir, pois a mesma nunca havia se casado e nem tão pouco sido mãe e que devido à cidade ser de difícil acesso a empregos e ela tinha o seu dinheiro, voltando à cozinheira recém contratada, ela era casada e tinha um filho e devido a mãe e pai trabalharem e morarem na fazenda da Su a criança circulava por toda a casa e até se divertia, tanto que um belo dia a minha amiga acordou com o barulho da criança e foi ver o que era, e quando saiu do quarto irritadíssima com o horário e com o rosto inchado de tanto ficar com ele no travesseiro e cabelo em desalinho, a criança virou pra ela e disse: Oi tia ( risos ) Ela passada com esse tia nem respondeu e chamou a cozinheira e disse que ali não era lugar e nem horário pra se fazer barulho e nem criança brincar e por incrível que pareça se dirigiu a cozinha pra pegar um copo da água ( tadinha ) ao atravessar aquela porta estivo vai e vem, deu de cara com o marido da cozinheira, o famoso rapaz que cuidava dos cachorros, simplesmente ele não disse nem bom dia e nem nada, soltou um sonoro: E aí coroa ? – Olha ela ficou tão passada, tão indignada que foi incapaz de chamar a sua atenção. E pela primeira vez ela voltou pro quarto de imediato e me chamou e caiu na risada e sinceramente eu fui obrigado a dar uma gargalhada daquelas, afinal quem se preservava tanto e tinha medo da idade, ser chamada de coroa é o fim. Ai eu falei amiga não é por nada, mas o tempo passou, ela fez de conta que não entendeu, mas um dia ela acorda pra vida e vê que os tempos mudaram e que ela pode correr de tudo, mas nunca poderá fugir da justiça divina, da velhice e da morte porque dessas três fases ninguém escapa. É a lei natural da vida.