sábado, 11 de julho de 2009

Vale quanto pesa.

Bom, sinceramente estou encantado, pra não dizer decepcionado com a nova modalidade de se poder ter a famosa recordação dos entes queridos e cá entre nós são de valores altíssimos. Em uma época onde o consumismo anda de mãos dadas com o bandidismo, agora terá mais um motivo pra aguçar a vontade de pessoas menos favorecidos, nada contra de cada um fazer o que quiser com os corpos, as cinzas dos entes queridos, afinal quem fica do lado de cá e com certo poder aquisitivo pode colocar as cinzas em vasos, jarros, cachê-pot e até mesmo alugar uma lancha e despachá-la em alto mar, mas transformar as cinzas em diamantes e usar como pingente é o que não estava faltando pra quem não tem muito que fazer.

Agora eu fico a pensar em certas coisas que as vezes vejo no dia a dia pela TV e tenho a sensação de muitas pessoas estudam, se formam catedraticamente e ostentam uma coletânea de diplomas emoldurados e em paredes de boa pintura e com certa hierarquia e até mesmo exigem ser chamados de Senhores Doutores e Cientistas pra se dar a esse trabalho. Porque uma pessoa de pouco conhecimento não teria tal capacidade e nem tamanha façanha.

Eu mesmo tenho muitas pessoas na minha família que já fizeram a famosa passagem e que estão em algum lugar no Cosmos e que já cumpriram a sua missão, e cá entre nós eu não iria ter um gasto absurdo que chega a valer R$ 50 mil, dependendo do quilate, estamos em uma crise absurda que mais uns anos iremos ter falta de um tudo, de comida, de água, de saúde e os famosos ricos com seus familiares guardados dentro de um cofre de banco e pago, porque aquela segurança toda só mesmo tendo grana pra manter o tal diamante das mãos dos trombadinhas. Já imaginaram a cena? Um ladrão entrando na sua casa e dizendo: - Isso é um assalto. Quantos mortos o senhor tem dentro do seu cofre? Ou – Nós viemos aqui buscar os seus parentes que estão com a cotação em alta na bolsa de valores. Realmente isso não pode. É o fim da picada.

E uma missa de corpo presente; o padre vai ter de mudar os dizeres na hora de encomendar a alma do cidadão. Ao invés de dizer, do pó tu viestes e ao pó tu voltaras.... Passará a dizer: - Do pó tu viestes e ao diamante tornarás. Enquanto isso o oxigênio do planeta terra acabando claro que agora com a ajuda das cinzas dos mortos. A água que tantos gastaram antes de morrer também está acabando e nada sendo feito pra mudar essa tristeza. E os mortos que morrerão de fome? Será que seus corpos serão comprados por uma simples bagatela pra aumentar a fortuna de algum colecionador de diamantes?

Hoje temos doenças pra todos os níveis sociais, crises pra tudo quanto é lado e também a violência que a segurança mundial perdeu o controle, e os senhores que são chamados de senhores da razão perdendo tempo em inventar futilidades, mas também olhando por outro patamar podemos dizer que daqui alguns anos não teremos mais que nos deparar com cemitérios chiques e caros, pra que ter estes gastos com condomínio e manutenção de criptas, sendo que dentro de um cofre de uma mansão não se corre tantos riscos.

Realmente estamos na época do vale quanto pesa, mas não no sentido de obesidade e sim de quilates. Ah me poupe. E enquanto isso a Dengue e a Gripe tipo A alastrando-se e a AIDS matando como nunca, será que um diamante de um rico morto com algumas dessas mazelas não será transmissível? Eu hein, quero isso pra mim não.

Foto extraída do site:

http://g1.globo.com/Noticias/PlanetaBizarro/foto/0,,16226164-EX,00.jpg